As guerras e os games


Estava eu feliz e contente vendo o gameplay de "Dissidia 012", quando me deparo com uma propaganda do exército norte-americano. Então comecei a prestar atenção, estava em todos os lugares.
Antes dos vídeos e em banners eram obviamente mais presentes quanto se procurava por FPS militares. Começou a fazer sentido?
Vamos falar sério para variar... não dá mais para negar que os jogos militares estão realistas demais. Se você é um fã do gênero, deve achar isso demais, porém isso torna matar árabes um problema. Não me entenda como moralista, apenas questiono o quanto o ideal militarista patriota não é passado nas entrelinhas.
Particularmente sempre preferi coisas mais irreais, nunca entendi por que, podendo criar em games coisas como vamos dizer um ninja-pirata com poderes telepáticos montado em um dinossauro robô que sabe como soltar um kameramera, ainda são criados milhões de jogos com soldados, mas isso é um gosto pessoal. Agora, acho que quando estamos falando de justificar guerras, penso que todos deveriam prestar atenção, para que nossas ações não ajudem a justificar algo que nosso discurso diz sermos contrários. (Eu sei, nem todos os discursos são contra as invasões e as guerras retratadas nos games, mas, se você é a favor dessas guerras, pare de ler isto e se mude para o Texas.)
A propaganda do exército americano junto com os games coroa essa tendência. Não vou discutir aqui as consequências de um Estado Militarista ou nada do gênero, mas quero dizer que a propaganda prova que o exército dos EUA concorda comigo, e não apenas por achar um site de games um bom lugar para convencer as pessoas a se alistarem, mas também porque todo o seu site parece saído de um videogame. Fotos de heróis em ação, lista de armas, e talvez o absurdo mais digno de nota seja um item chamado “Warrior Patch” (o caminho do guerreiro), com até um link para o site do UFC valorizando a perícia em combate. Se isso não soa como um game para você, então não sei o que dizer.
Videogames não são mais apenas jogos, são uma mídia e, portanto, intencionalmente ou não, constroem um discurso.
Para terminar glorificando a nerdisse: "com um grande poder, vem uma grande responsabilidade", ou seja, quando começamos a ser ouvidos, temos que tomar mais cuidado com todas as repercussões do que falamos.